Casa do Moscadim
  • A Casa do Moscadim, localizada na artéria principal da Vila da Chamusca, Rua Direita de São Pedro, é uma casa senhorial do século XVIII. Considerada única na vila, e uma das mais importantes da região, a Casa distingue-se pela sua riqueza histórica e patrimonial, nomeadamente pela relevante coleção de azulejos que se encontra no seu interior. A par da Casa do Patudos e da Casa-Estúdio Carlos Relvas, a Casa do Moscadim será uma das mais importantes atrações patrimoniais da região.

    De traça tipicamente senhorial da segunda metade do séc. XVIII, este património apresenta uma enorme profusão de decoração azulejar, presente em todas as salas. Esta, oriunda da Real Fábrica do Rato, ou da Bica do Sapato, de gosto D. Maria I, é rara de ser encontrada em outras casas da região. Salientam-se os silhares de azulejos da sala de visitas e sala de jantar, onde se observa medalhões com paisagens, envolvidos por grinaldas. Estes motivos florais continuam presentes nas restantes salas, conferindo-lhe um ambiente elegante e alegre.

    Os painéis que mais singularizam esta residência nobre, únicos no seu género no panorama nacional, são duas figuras de convite. Estas, uma masculina e outra feminina, vestidas à moda dos anos 90 do séc. XVIII, encontram-se nos dois lances da escadaria nobre, encantando-nos com a sua peculiar beleza. A figura masculina representa um Muscadin (Moscadim em português), figura típica do pós-revolução francesa, que no contexto da época se distinguia das demais pela sua forma de vestir elegante e pelo uso da fragância musk, originando esta designação. Dada a importância desta representação azulejar, a casa tomou o seu nome, chamando-se assim Casa do Moscadim.

    Também singular, entre as habitações da região, é a presença de pintura mural de gosto Pillement, que podemos ver na sala central do piso superior.

    Não obstante do seu aparato, a área residencial comunica com as diferentes áreas de serviço, nomeadamente a cozinha, as antigas cavalariças, adegas e celeiros, demarcando a dimensão rural que a Casa possuía.

    No que diz respeito à sua história, esta habitação pertenceu a várias figuras da alta sociedade local que estavam ao serviço da Casa das Rainhas. Na segunda metade do séc. XIX a Casa é adquirida e remodelada pelo latifundiário Manuel Mendes da Cunha, sobrinho de Rafael José da Cunha, um dos maiores latifundiários do Ribatejo, proprietário da Quinta da Broa na Golegã. Manuel Mendes da Cunha ofereceu-a à sua filha, por altura do seu casamento com o médico Dr. Carlos Pina Machado, cujo nome passou a estar associado a esta residência.

    É no início do séc. XIX que a Casa se torna verdadeiramente central, tanto na história local como na nacional e internacional. Na Terceira Invasão Francesa, o Marechal William Beresford (1768-1854), Marechal do Exército luso-britânico, instala-se na Casa do Moscadim, fazendo dela o quartel-general do Reino de Portugal. Entre o final de 1810 e início de 1811 saem desta casa todas as ordens militares que vêm a assegurar a vitória final das forças luso-britânicas sobre as francesas. Tal como nos revelam as queixas portuguesas da época, Beresford não comandava apenas as tropas, a vertente militar do país, mas governava Portugal, com o beneplácito régio do Príncipe Regente D. João. Podemos assim afirmar que durante vários meses os destinos de Portugal e dos portugueses foram dirigidos a partir da Casa do Moscadim.

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